O que é a Egrégora Cristã?

Egrégora é uma força espiritual criada através da vontade de um grupo de pessoas. Quando duas ou mais pessoas se unem em favor de um objetivo, e faz disso uma prática rítmica e constante, então uma poderosa energia surge da união mental e emocional dessas pessoas. Por isso existe o costume de dar as mãos formando um círculo durante orações coletivas, conectando cada integrante do grupo à energia da oração, formando uma só mente orante.
Cada pessoa, em seus grupos de valor espiritual, estão dentro de determinada egrégora. Todo cristão, sendo verdadeiramente cristão, faz parte do Corpo Místico de Cristo, que é denominado a grande egrégora cristã, independente de igreja, independente de instituição ou jurisdição, formado pelos irmãos ainda vivos (Igreja Militante) e também pelos irmãos que já se foram (Igreja Triunfante), auxiliando-nos constantemente e fortalecendo essa poderosa egrégora.

"Porque, onde dois ou três estão juntos em meu nome, eu estou ali com eles." (Mateus 18:20).

Toda egrégora é uma força viva, e, como tal, deve ser constantemente alimentada. Religiões antigas e até atuais fazem uso de oferendas e sacrifícios, ofertando requintes às divindades nos quais se devotam. Na tradição cristã se faz uso de orações constantes, devoção, veneração e ritos específicos. Todo domingo o pão e o vinho são consagrados e distribuídos aos fiéis, que, dentre os tantos significados da Eucaristia, faz habitar em cada fiel o Cristo Vivo, um só Cristo para milhões de cristãos. Cristãos esses que formam o Corpo Místico, sendo a Eucaristia o rito mais importante do cristianismo
A Eucaristia também é vista, em algumas teologias, como uma oferenda, a recriação do sacrifício perfeito de Jesus no altar. Nisso não iremos negar, contudo a melhor oferenda para Cristo é alimentar os famintos, dar ao humilde o que ele precisa, pois, como Jesus disse: "Eu afirmo a vocês que isto é verdade: quando vocês fizeram isso ao mais humilde dos meus irmãos, foi a mim que fizeram." (Mateus 25:40).

Uma egrégora forte e grande é como um castelo, contendo inúmeros blocos de pedra que, embora pequenos, sustentam o castelo e fazem parte dele. Quando unimos nossos esforços para rezar o terço, ajudar os necessitados, meditar, estudar os evangelhos, e fazer disso uma prática constante, estamos assim alimentando nossa egrégora e também gerando uma nova força coletiva dentro dessa grande egrégora.
Do Corpo Místico de Cristo, quantas igrejas existem? Quantas ordens monásticas existem? Quantos grupos de oração são criados? Quantos movimentos sociais? A quantos santos são devotados? São estas as pedras que formam o castelo e todas as suas moradas, são egrégoras dentro de egrégoras!

Toda egrégora deve possuir um objetivo. Cristo, em sua vida terrena, nos apresentou ensinamentos valiosos e instituiu práticas que foram continuadas por seus discípulos. Afinal, ser cristão não se resume a imaginar o semblante de Cristo e adorar esse semblante, como fazem todas as outras religiões com seus deuses. Caso contrário, o cristianismo em nada diferiria das outras religiões.
Ser cristão é se submeter ao caminho de uma transformação interior, de sentir Cristo em seu interior e ver Cristo no próximo e no trato para com o próximo. Um cristão que meramente se devota para uma criação mental da face de Cristo encarnado e resume sua fé de forma mecânica e voltada para essa imagem que criou em sua mente, sem nunca trabalhar o seu interior e nem procurar as virtudes, este não passa de um falso cristão. Ora, se Cristo quisesse inflar seu ego numa adoração sem fundamento e deixar que as pessoas continuem com seus preconceitos e hipocrisias, assim como faziam os fariseus, jamais seria condenado pelos mesmos fariseus. Como pertencentes ao Corpo Místico de Cristo, devemos nos focar em ter a mente e o coração voltados à vontade de Cristo.

No campo espiritual, a egrégora continua atuante e forte. Muitos monges do passado afirmavam convictamente que seus hábitos eram verdadeiras armaduras, como numa guerra, mas uma guerra espiritual. A soma de maus pensamentos e más ações também desencadeiam uma egrégora, uma egrégora negativa que se alimenta do vício, do rancor, das mágoas, da violência, da indiferença. Essas forças lutam contra as forças de luz e tentam seduzir almas para seus atos diabólicos. Na egrégora cristã muitos santos (não só os conhecidos pela hagiologia) combatem essas forças invisíveis. Quando honramos um santo, estamos contribuindo para que suas forças derrotem o inimigo, mas seria em vão se o fiel não se retratasse e não passasse a seguir o caminho das virtudes.
Uma pessoa que comunga e convive entre cristãos mas é adepta dos pecados, faz discurso de ódio, fecha os olhos para as injustiças, destila preconceitos, incita punitivismo, alimenta o ego e desconta o estresse em seus irmãos, esta pessoa nunca será um verdadeiro cristão, mas sim um infiltrado das forças malignas dentro da igreja.

Cada um de nós é um elo dentro dessa vasta egrégora. Um elo fraco enfraquece a egrégora. Não deixemos ser um canal para que as forças malignas penetrem em nosso meio, devemos, pois, nos lapidarmos constantemente. Que sejamos justos, moderados, firmes e prudentes, a fim de crescer em nós a força espiritual que sustentamos, o Verbo de Deus como uma fagulha de luz em nós, e que, juntando nossas fagulhas, formemos uma grande fogueira que nunca se apagará.

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